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Obra vencedora do 4º Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas, realizado pelo Arquivo Nacional.

 

Já foram publicados alguns bons livros sobre as esquerdas armadas. Mas ainda faltava um estudo de fôlego sobre o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), como o que se apresenta aqui. Ao analisar a trajetória dessa organização de 1969 a 1972, Higor Codarin retoma as angústias, as apostas, as esperanças de vitória e o amargor da derrota do projeto revolucionário que esse grupo representou no combate à ditadura no Brasil.

A obra resulta de pesquisa aprofundada sobre o tema, recorrendo a fontes escritas e orais, garimpadas em diversos acervos. Ela se baseou em processos judiciais do Supremo Tribunal Militar, documentos do MR-8 e entrevistas com ex-militantes, várias delas realizadas exclusivamente para o livro. Os relatos das pessoas que viveram aquela experiência ajudam a dar vida ao texto, bem escrito e de leitura fluente.

O autor inicialmente reconstitui a conjuntura conturbada da época, as disputas dentro das esquerdas após o golpe de 1964 e, em particular, no período imediatamente posterior à edição do Ato Institucional n. 5, de dezembro de 1968, que escancarou o caráter ditatorial do regime militar. Foi nesse contexto que surgiu o MR-8, uma dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), originária do movimento estudantil universitário carioca, com vários membros vindos de famílias tradicionais e intelectualizadas.

Como não poderia deixar de ser, o livro dedica espaço privilegiado à análise da ação que tornou o MR-8 um grupo célebre, o rapto do embaixador americano em setembro de 1969, e seus desdobramentos que resultaram no quase aniquilamento da organização nos anos seguintes, quando a maioria de seus membros foi presa ou exilou-se, abrindo mão da luta armada. Antes disso, houve uma tentativa de trabalho político no campo, que levou o famoso capitão Carlos Lamarca para o sertão baiano, onde foi perseguido e assassinado pelo regime em setembro de 1971. Sua morte simbolizou a derrota não só do projeto revolucionário do MR-8, mas também do conjunto da esquerda armada.

Em suma, ao estudar o MR-8, o livro analisa bem o processo político de inconformismo pessoal e coletivo que se desenvolveu sobretudo nos meios estudantis e intelectuais. Num contexto de fracionamento das esquerdas na luta contra a ditadura, o MR-8 aderiu à luta armada e posteriormente fez a crítica a ela, com a constatação do isolamento social da organização e de suas congêneres, que passaram a buscar uma reaproximação com os trabalhadores e as bases da sociedade. Mas esse já seria outro capítulo da história das esquerdas no Brasil.

 

- Páginas: 333

- Editora: Alameda Casa editorial

- Ano: 2021 

Livro - O MR-8 NA LUTA ARMADA

R$ 70,00Preço

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